domingo, 20 de fevereiro de 2011

Parrillada, tango, medialunas: Argentina - março de 2011

1a parte - Os preparativos.

Quase tão empolgante quanto a viagem são os preparativos. Empolgante e até um tanto estressante quando a gente deixa algumas coisas pra última hora.
Decidimos viajar pra Buenos Aires no carnaval. Mas a decisão foi meio em cima da hora e eu passei apertado na hora de conseguir um hotel. Na verdade, a idéia inicial era passar uns cinco dias em Lima, mas as passagens estavam esgotadas. No fim das contas, consegui comprar passagens pra Buenos Aires. Melhor ainda: sem gastar um tostão, pois consegui comprá-las com umas milhas que eu tinha acumuladas e estavam pra vencer. Ou as usava agora, ou as perdia. Pois bem, faremos mais esse sacrifício.
O problema foi que eu comprei as passagens primeiro, mas deixei pra reservar o hotel depois. E quem disse que eu encontrava um hotel disponível em Buenos Aires no feriado de carnaval? Acho que o Brasil inteiro resolveu ir pra lá nesse feriado. Eu já tinha ficado num hotel barato e bem localizado lá em 2008, mas eu estava querendo experimentar uma outra opção, talvez num outro bairro. Procurei na internet por uns dois dias e nada. Acabei reservando naquele antigo hotel mesmo, pra não correr o risco de ficar sem nada. Vale a pena pelo preço e pela localização: fica entre o microcentro e a Recoleta, numa rua tranquila, tem acesso fácil ao metrô etc. Mas os quartos são bem simples e o café da manhã é... simplesmente triste. Pelo menos, há vários Cafés na vizinhança.
Nem preciso dizer que as crianças estão super empolgadas. Como sempre, estão contando os dias. Encontraram um guia de Buenos Aires no meu armário e começaram a selecionar alguns pontos que querem visitar como, por exemplo, o Zoo e o Jardim Japonês. Ah... e minha filha disse que quer visitar o Cemitério da Recoleta. Mórbido. Mas vamos lá.
Eles também estão empolgados com as parrilladas de Buenos Aires. Na verdade, churrasco é o prato preferido dos Trutas. Se tiver cordeiro, melhor ainda.
Dessa vez, pra facilitar, enquanto estivermos viajando, eu vou postar e atualizar esse mesmo texto. Assim, vai funcionar pra eles como um diário e vai ficar mais fácil pra se lembrarem da viagem posteriormente.
Estava me esquecendo de mencionar... minha filha mal acreditou quando eu contei que Buenos Aires é a terra do Fito Paez. Ela é fã de Mariposa Technicolor e disse estar torcendo pra encontrá-lo por lá. Esse mundo é pequeno, nunca se sabe...

2a parte - A viagem.

Andamos muito nesses dias. À pé, de metrô, ônibus e de táxi. Na maioria das vezes, de metrô e à pé. Infelizmente, o metrô de Buenos Aires, além de velho e sujo, possui poucas rotas e deixa muito a desejar.
Perguntei pras crianças sobre o que mais gostaram na viagem e a resposta foi imediata: o Zoológico. Pra quem vai com crianças a Buenos Aires, o Zoo é um passeio imperdível.
Também visitamos a Plaza de Mayo e a Casa Rosada, a Catedral Metropolitana, almoçamos no Puerto Madero, fomos ao La Bombonera (estádio do Boca Juniors) - depois caminhamos do estádio até o El Caminito, visitamos o Museu Nacional de Belas Artes, o Cemitério da Recoleta, a Praça das Nações Unidas, no domingo passeamos pela feira de artesanato que acontece na Recoleta em frente ao cemitério, comemos muito churrasco e muita medialuna com doce de leite.
A gente também fez umas comprinhas, coisa boba. Artigos esportivos estão uns 30% mais baratos do que no Brasil.
Um detalhe negativo em relação a Buenos Aires é que aos domingos quase tudo fecha. Inclusive alguns restaurantes. Sei lá, acho que não combina com uma cidade turística desse porte.
Pra atrapalhar um pouco, eu acordei no último dia da viagem com febre e dor de garganta. É nessa hora que viajar sozinho se torna complicado. Mas a gente sobreviveu.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A cidade que nunca dorme: NYC - outubro de 2010 (2)

No meio da viagem
Apesar do cansaço e da correria da viagem, eu vou tentar atualizar o blog. Ontem eu cheguei à Carolina do Norte pra rever amigos (a familia com quem eu vivi em 2 intercâmbios). Antes, foram cinco dias em Nova York. Tente imaginar um homem sozinho em Nova York, com dois filhos de 9 e 5 anos, de metrô pra cima e pra baixo o dia inteiro. Interessante que as crianças simplesmente não se cansam. Pior: choram quando percebem que vão descer do metrô pois estão se aproximando da estação que fica perto do hotel. Detalhe: isso já perto da meia-noite. Eles diziam que ainda era cedo e que queriam dar mais um "rolê" pela cidade. Mesmo com uma fraca garoa e um frio de uns 7 graus nos primeiros dois dias, a viagem rendeu bastante. Conseguimos visitar o Museu de História Natural (minha filha disse que foi a realização do maior sonho da vida dela), subimos à noite no Empire State Building (eu já tinha subido de dia e tinha achado legal; de noite é ainda melhor), fomos até a Estátua da Liberdade, caminhamos por Chinatown, por Times Square, passeamos de helicóptero por Manhattan (esse era um de meus sonhos de infância, voar de helicóptero), fomos ao marco zero onde ficavam as torres gêmeas, assistimos ao pedaço de uma missa na Catedral de St. Patrick (a pedido da minha filha), fomos ao Central Park Zoo, fomos às lojas oficiais da Lego e Hersheys, à loja de brinquedos Toys R Us, passamos pelo Rockfeler Center, fizemos umas comprinhas na Macy's (porque ninguém é de ferro), fomos ao Pier 17 (minha filha disse que "precisava" comprar um gloss e uns cremes da Victoria Secret), visitamos o Green Market (que acontece na Union Square às segundas, quartas e sextas), passamos pela entrada da Ponte do Brooklin, pela prefeitura de NY e pela Suprema Corte de NY (do filme Law & Order). Além disso, caminhamos bastante pelo Chelsea District, bairro onde ficamos hospedados, e, em um de nossos almoços, preparamos duas "marmitas" numa típica Deli americana e fomos comer sentados num banco da Madison Square Park, rodeados por esquilos. Tudo isso em apenas 5 dias. Ah, estava me esquecendo... finalmente comprei a minha panela Le Creuset!!! Yes!!! Não, eu não vou contar quanto eu paguei pela panela. Só vou dizer que, quando eu cheguei na loja e mostrei pra vendedora qual modelo e cor eu queria, ela me disse: hoje é seu dia de sorte!!! Esse modelo acabou de entrar na promoção e está com 50% de desconto. Ou seja, paguei metade do que eu ia pagar pela panela (que já era beeeeem menos do que eu pagaria por ela no Brasil). Eu confesso que fiquei bastante cansado, tenso e cheguei a ter dores no corpo nesses cinco dias, principalmente pela responsabilidade de estar sozinho com duas crianças na cidade mais agitada do planeta. Eu coloquei um colar com um crachá plastificado no pescoço de cada um deles com o nome, telefone do Brasil e dos EUA, endereço do hotel etc, por questões de segurança. Mas, no final, todos sobrevivemos. Na hora de sair de Nova York pra viajar pra Carolina do Norte, eu reservei um carro pra facilitar a ida ao aeroporto, pois as duas malas e a mochila estavam um pouco mais pesadas do que no início da viagem. Todavia, meu filho bateu o pé e disse que queria ir de metrô pro aeroporto, pois seria o seu "ultimo" passeio de metrô pela cidade. Fiquei com dó e fomos de metrô; eu carregando uns 70 Kg de bagagem e segurando a mão dos dois o tempo todo. Pelo menos, economizei os US$60,00 do táxi. Pra se visitar um lugar é preciso "vivenciar" aquele lugar. Quero dizer, é preciso sentir o lugar, caminhar por suas ruas, provar suas comidas, conversar com as pessoas, olhar ao redor, sentir os cheiros, ouvir os ruídos. Isso é experimentar, conhecer de verdade, isso é vivenciar. Pra mim, isso é o mais importante e é o que torna esses momentos especiais e inesquecíveis. O objetivo dessa viagem era proporcionar momentos especiais e inesquecíveis aos meus filhos e eu posso afirmar com tranquilidade que, apesar de ainda estar no meio da viagem, já estou com a sensação do dever cumprido. Ver a expressão de "encantamento" em seus rostos a cada novidade simplesmente não tem preço. Agora estamos na Carolina do Norte e aqui tudo é mais tranquilo e confortável, sem estresse ou correria. Mas essa parte eu conto depois.

A cidade que nunca dorme: NYC - outubro de 2010 (1)

Existe um sentimento meio inexplicável. É uma mistura de atração, encantamento, alegria, surpresa, exclusividade e mais um monte de coisas. É assim que eu me sinto em relação à Nova York. É algo mágico.
Na semana passada, eu consegui marcar quinze dias de férias pra esse segundo semestre. Comprei as passagens, reservei o hotel, comecei a escolher os programas. Será a minha quarta visita a Nova York. Mas dessa vez eu acho que será a mais especial de todas pois meus filhos viajarão comigo. É a primeira vez que eles irão aos Estados Unidos. O mais curioso é que eu perguntei a eles o que eles preferiam: Disney ou Nova York? Pois é, escolheram Nova York. É óbvio que foram influenciados. Influenciados por dezenas de histórias, filmes, músicas, fotos e fatos sobre a cidade.
Meus filhos são apaixonados pelo filme "Uma Noite no Museu", que se passa no Museu de História Natural. Acho muito legal eles terem assimilado essa magia. Já fico feliz só de ver a alegria e a ansiedade deles com os preparativos para a viagem. Estar em NY é como estar em uma cidade "acima" ou "além" das demais cidades do globo. Na maior parte do tempo, a gente nem se sente nos EUA (graças a Deus!). A mistura de rostos, sotaques, cheiros e cores dá um ar totalmente exclusivo, atípico. NY não se parece com nenhum outro lugar. É única.
A NY dos pacotes turísticos já é interessante. É legal passar pela Brooklyn Bridge, por Times Square, subir o Empire State Building ou visitar o Museu de História Natural. Mas é ainda muito mais legal explorar a Nova York dos novaiorquinos passando pelas ruas do Village à noite, pelos bares com jazz ao vivo; ou se misturar ao povo nas ruas de Chinatown com todas aquelas quitandas cheias de frutas exóticas e as diversas peixarias; ou dar uma caminhada pelas ruas do Harlem onde as crianças brincam tranquilamente e as vizinhas conversam pelas janelas das casas. Os vários mercados públicos e as feiras livres são os meus preferidos. Mas também é uma delícia simplesmente se sentar pra almoçar uma "marmita" num banco da Madison Square Park entre velhinhas, executivos, universitários, todo mundo junto. São várias cidades dentro de uma mesma cidade. E as surpresas são intermináveis. A cada esquina alguém diferente, um barulho, um cheiro, uma emoção. É luz, vida e movimento 24h por dia.
Já dizia Sinatra: "Eu quero acordar na cidade que nunca dorme". Lugar onde tudo é esquisito e normal ao mesmo tempo. Dá pra entender? Nova York não deve ser entendida, mas apenas "vivenciada".

2a parada: Rep. Dominicana - dezembro de 2009

A viagem ao Chile me deu confiança e afastou o medo de viajar sozinho com as crianças. Durante a volta de Santiago, eu já começava a pensar na próxima aventura.
Eu tinha acabado de comprar um livro muito legal chamado "50 Ilhas dos Sonhos", da Editora Europa, e estava encantado com todas aquelas maravilhas. Meus filhos gostavam de assistir a história da tartaruga Manoelita, que vivia na França e sonhava em conhecer o Caribe. Pois é, esse também era um de nossos sonhos.
Escolhemos passar o Natal de 2009 em Punta Cana, na República Dominicana. Foi a única vez que a gente viajou com "pacotes", pois o vôo seria fretado e direto até o destino final. Além disso, como era Natal, clima de férias, praia, seria mais tranquilo pegar um daqueles hotéis com "all inclusive". Assim, eu não precisaria me preocupar tanto com deslocamentos e procura por restaurantes; tudo estaria próximo, no mesmo lugar. Só nos restaria aproveitar o sol, as piscinas e a praia.
O ponto fraco da viagem foi que, mesmo ficando num dos melhores hotéis de Punta Cana, a comida não era tão legal. Prezavam pela quantidade e até pela variedade, mas a qualidade deixava a desejar. Era tudo muito "bandejão". Sim, eu cozinho e sou bem chatinho nesse quesito. De qualquer forma, o jantar da noite de Natal foi bem legal e regado à lagosta. Minha filha, que come de tudo, se divertiu e se lambuzou. Meu filho, que acha quase tudo ruim, não gostou.
Foram dias bem legais. Às vezes, chovia por alguns minutos, mas o sol logo retornava com força total. A água da praia era morna e a areia muito branca e limpa. Havia uma espécie de cordão de recifes próximo da praia que fazia com que a água estivesse sempre calma, e eventualmente era possível enxergar algum peixinho nadando ao nosso redor.
O momento mais legal dessa viagem foi um passeio que fizemos no dia 24, véspera de Natal. Era um passeio de ônibus + barco que nos levaria até uma ilha muito linda chamada Saona. Saímos do hotel de ônibus ainda de madrugada e seguimos por pouco mais de duas horas até uma cidade do outro lado da ilha, chamada Bayahibe, onde pegamos um barco para a ilha. Na ida, o barco era uma espécie de catamarã e o percurso durava uma hora e meia, ao som de ritmos caribenhos, com algumas dançarinas pelo barco, e muita "birita". Eu e meu filho enjoamos no barco e deixamos algumas lembranças no mar do caribe. Chegando na ilha havia um almoço nos esperando - que fazia parte do pacote - que foi servido na praia, com peixes sendo grelhados na hora, na nossa frente.
Enquanto caminhávamos pela areia, minha filha percebeu uma pequena saliência no chão e quis "escavar" pra ver o que era. Era uma linda concha enorme, que a gente limpou e trouxe pra casa como recordação. Mais tarde, um barco nos levou até um banco de areia que ficava longe da costa onde as crianças puderam descer do barco pra mergulhar e brincar com enormes estrelas-do-mar vivas.
De repente, o tempo fechou e começou a chover. Na verdade, aquilo não era uma simples chuva, mas era o mundo que estava acabando. Enquanto a ida até a ilha foi num catamarã tranquilo, a volta estava programada pra ser no que eles chamam de super lancha, uma lancha com capacidade pra umas 30 pessoas e com dois motores de 200 cavalos. O retorno deveria durar apenas 15 minutos nessa lancha, mas pareceu uma eternidade. Muita chuva, muito vento, ondas enormes. Por incrível que pareça, meus filhos, apesar de assustados, davam risada dos saltos que a lancha dava, enquanto velhinhas choravam e rezavam do nosso lado. Finalmente, chegamos de volta à Bayahibe vivos, e pegamos o ônibus de volta ao hotel. Não teria graça morrer longe de casa e bem na véspera do Natal.
Mais uma vez, o saldo foi bastante positivo. Aventura e diversão, gente, costumes e comidas diferentes: momentos e experiências inesquecíveis. Novamente sensação de dever cumprido. E, no vôo de volta, já pensando na próxima...

Primeiro desafio: Chile - março de 2009.

É claro que eu estava com medo de simplesmente não dar conta de fazer uma viagem internacional sozinho e cuidando de duas crianças pequenas. Minha filha estava com oito anos e meu filho tinha acabado de completar quatro anos de idade.
Eu escolhi um passeio mais curto, de apenas cinco dias, ao Chile. Seria a primeira vez que o meu filho viajaria de avião. Eu mesmo organizei a viagem, sem a ajuda de uma agência. Comprei as passagens pela internet numa promoção e reservei um hotel em Santiago pelo tripadvisor.com.
Por economia, geralmente eu evito andar de táxi naquelas cidades que possuem um bom sistema de transporte público, com boas linhas de metrô e ônibus. Mas, por estar com as crianças, tomei o cuidado de contratar um motorista particular pra nos levar do aeroporto ao hotel. O motorista era o "Jorge", figura simpática que acabou se tornando nosso amigo. O Jorge foi tão atencioso que resolvemos contratá-lo uns dois dias mais tarde para nos levar a um passeio de um dia por Viña del Mar e Valparaiso.
Saímos do Brasil numa madrugada de quarta-feira e chegamos em Santiago no meio da tarde. Chegando ao hotel, os dois caíram num sono profundo assim que entraram no quarto. Nesse primeiro dia, após o cochilo, só tivemos forças pra sair e jantar num restaurante próximo do hotel. A primeira boa surpresa gastronômica: machas gratinadas (espécie de marisco). Minha filha geralmente come de tudo e quis experimentar a iguaria. Deu gosto de vê-la comendo os bichinhos.
Nos dias seguintes, caminhamos muito e também nos deslocamos de metrô por toda a cidade. Vale registrar que o metrô de Santiago é excelente: limpo, seguro e atende grande parte da cidade. Na segunda noite, por volta de 22h00, estávamos no metrô e, quando o meu filho percebeu que nos aproximávamos da estação onde desceríamos pra voltar ao hotel, ele começou a chorar e dizer que "ainda era cedo e que queria dar mais um rolêzinho pela cidade". Nem precisei fazer o teste de DNA. É meu filho.
Visitamos feiras livres, mercados públicos, igrejas, museus, parques e um zoológico.
Eu disse às crianças que eu queria fazer ao menos um "passeio de adulto" e que eles iriam me acompanhar até a Vinícola Concha Y Toro. Expliquei que o passeio seria rápido e pedi que eles tivessem paciência caso o passeio não estivesse legal. Fomos de metrô e ônibus até a vinícola e gastamos apenas US$4,00 pra chegar lá - pela agência, de Van, ficava em US$60,00 por pessoa. Pra minha surpresa, esse passeio foi um dos momentos mais legais da viagem justamente pra eles. No terreno da vinícola havia muitas aves soltas, incluindo papagaios e periquitos. As crianças puderam correr pelas parreiras e comer uvas direto do pé. Eles se divertiram pelos porões onde o vinho descansa ouvindo o guia falar sobre as lendas do "casillero del diablo".
No fim das contas, a viagem foi super tranquila. Os "Trutas" passaram no primeiro teste. É possível sim pra um pai sozinho viajar com duas crianças pequenas. Basta ter um pouco de organização e paciência. Voltei pra casa com a sensação de dever cumprido.

Era uma vez... (como tudo começou)

Quando eu me separei, em 2008, meus filhos eram bem pequenos. Minha filha tinha 7 e meu filho tinha 3 anos de idade. Naquele momento, minha maior preocupação era fazer com que sofressem o mínimo possível com o doloroso processo de separação, e o meu maior objetivo era continuar presente em suas vidas, participando do seu dia-a-dia, e tendo momentos especiais, felizes e marcantes ao lado deles. O desafio seria grande, mas o aprendizado e a alegria seriam ainda maiores.
Apesar da dureza da separação, algumas coisas boas surgiram dessa experiência. No dia-a-dia, a adaptação foi tranquila e a convivência foi mantida. Mas a parte mais gostosa e divertida foram aqueles momentos nas férias, feriados ou em finais de semana, quando podíamos escapar pra algum lugar legal, às vezes uma praia ou uma cidade histórica, podíamos experimentar uma comida diferente, visitar um museu, fazer uma escalada ou tirolesa, um passeio de barco ou de helicóptero, ou mesmo uma pescaria. Muita aventura, muita adrenalina, muita alegria e muita história pra contar.
Sinceramente, não é nada fácil pra um homem sozinho viajar com duas crianças pequenas. A responsabilidade é triplicada. Além de ter que cuidar do roteiro, dinheiro, passagens, passaportes, ainda tem que supervisionar o banho, ajudar na hora de trocar de roupa, auxiliar com a comida, ajudar na hora de passar o fio dental e escovar os dentes, levar ao banheiro no meio da madrugada etc. O pai é sempre o primeiro a acordar e o último a dormir. Mas sempre vale a pena.
Desde pequenos, meus filhos se referem ao trio - eu e os dois - como "Os Trutas". "Truta" é um apelido carinhoso que significa companheiro. Eles costumam dizer que os Trutas se reúnem pra fazer coisas legais como, por exemplo, viagens e aventuras.
A partir de agora, cada aventura dos Trutas será registrada aqui no blog. Será como um diário que as crianças e os amigos próximos poderão compartilhar e carregar pro resto da vida. A primeira aventura foi uma viagem ao Chile em março de 2009. E esse será o assunto do próximo texto...